Wednesday, May 23, 2012

Perfil de Classe e Rendimento Esportivo

O sistema de classificação funcional atravessa um processo de transição, no qual a classificação será baseada em evidências científicas. No entanto, por mais que o sistema seja revisto e adequado sempre as classes serão caracterizadas por um conjunto de condições funcionais do movimento, que apesar de apresentarem condição similares de movimento, são diferentes.

Essa situação pode trazer uma grande diferença de desempenho do movimento dentro de uma mesma classe, não somente pelas características das capacidades físicas e dos aspectos genéticos, mas da funcionalidade e da limitação do movimento apresentado pelos atletas com deficiência física.

Nesse sentido, o conhecimento dos aspectos da classificação funcional é fundamental para o treinamento esportivo. Já que esse possibilitará ao treinador potencializar as capacidades físicas do atleta dentro de sua funcionalidade motora.

No entanto, o processo de detecção de talento passa por dois pontos chaves. No primeiro ponto, desse processo está a identificação correta da classe do atleta. Como continuidade desse processo, estaria a necessidade de identificar em qual nível de funcionalidade o atleta se encontra dentro de sua classe.

Supondo que as classes fossem representadas por formas geométricas e que as classes com maiores possibilidades funcionais fossem formas maiores e as com menos possibilidades funcionais formas menores. Dessa maneira teríamos uma representação parecida com a Figura 1.

Figura 1 - Relação de funcionalidade das classes esportivas


Explorando esse conceito e baseando-se somente em funcionalidade de movimento um atleta da Classe T54 que tenha um volume de ação mais próximo da borda externa, das possibilidades de movimento, teria melhores chances de ter um melhor desempenho atlético, em comparação com aquele mais próximo da borda interna, desse modo mais próximo da classe T53. O atleta da borda inferior terá um desempenho mais limitado comparado com o da classe T54, mas superior ao da T53.

O processo de seleção de talentos avaliando só pelo sistema de funcionalidade seria interessante pensando em alta performance, mas bastante excludente se for usado de maneira isolada. Já que não observaria questões como possibilidade das capacidades físicas, nível de maturação sexual e física. No entanto, o caminho para atletas com o perfil funcional próximo ao limite superior da classe favoreceria a performance do atleta.

Um exemplo bastante interessante de atleta com baixo volume de ação dentro de sua  classe funcional e o brasileiro André Luiz Oliveira, classe F44. O atleta teve uma lesão esportiva durante uma competição de  salto em distância, que além da ruptura de ligamentos e tendões teve a perda funcional dos movimentos de flexão plantar, por conta da ruptura das terminações nervosas. 

Figura 2 - Atleta André Luiz Oliveira


Na classe F44 o brasileiro compete com atletas amputados, que usam próteses de fibra de carbono. A prótese gera um retorno elástico aplicada de quase 90% da energia aplicada, diferente de sua perna que apresenta limitação de mobilidade, força e equilíbrio. Todos os atletas amputados usam a perna com prótese como a de impulsão no salto em distância, enquanto o brasileiro teve de realizar um processo de aprendizado para saltar com a perna não lesada.

Figura 3 - Atleta treinando 

No entanto, mesmo com essa condição inferior de funcionalidade o atleta brasileiro é vice-campeão mundial de atletismo nessa classe funcional.

O entendimento da funcionalidade do movimento e da relação com as capacidades físicas, passa a ser tão importante quanto conhecer a classe esportiva do atleta. Somente dessa maneira podemos entender as possibilidades atléticas de cada indivíduo, bem como as melhores metodologias de treinamento.

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